segunda-feira, 2 de junho de 2008

Conselhos para ler bem

LEITURA

A prática da leitura é factor determinante para o aperfeiçoamento da expressão oral e escrita. E para o conhecimento e a compreensão do mundo que nos rodeia e de nós próprios. Podemos dizer que a leitura é a melhor forma de exercitar e desenvolver o intelecto, conforme nos diz Manuel Ferreira (in "Boletim Cultural da Fundação Gulbenkian", VI série, n.º 2, Junho 1984): "Não basta aprender a ler e a escrever. É preciso ler sempre e regularmente (…). Ler sempre para que se desenvolva o intelecto, para que se desenvolvam as aptidões de cada um, para que possam ser aprovadas todas as aptidões de natureza intelectual de cada um. Ler para compreender. Ler para interpretar. Ler para saber. Para ver. Para ser. Ler para participar. (…) Ler é fundamental. (…) Que se leia para se ser mais consciente e mais livre."

Mas é preciso saber ler. Ler não é soletrar. Ler é apreender o sentido de uma frase, de um texto. Várias podem ser as formas de leitura: silenciosa, em voz alta, dramatizada (no caso, por exemplo, de um texto narrativo com diálogo). Antes de iniciares as leituras previstas […], é bom que testes a tua capacidade de ler em voz alta um texto. Se não lês bem, é sinal de que não estás a compreender a mensagem do texto, e muito menos os teus ouvintes. Para ler bem em voz alta, é necessário respeitar um conjunto de normas:

a) Deve ler-se pausadamente, com voz clara, vocalizando bem. Para que o ouvinte capte a informação, é imprescindível que se pronunciem com nitidez todos os vocábulos.

b) Há que ler com fluidez, sem arrastar as palavras e sem parar de forma gratuita isto é, sem motivo.

c) Têm de fazer-se as pausas correspondentes aos sinais de pontuação, caso contrário não se entende bem o texto e até se pode chegar a mudar o seu sentido.

d) É muito importante dar uma entoação correcta e variada, distinguindo, por exemplo, entre um comentário do narrador e um diálogo.

e) Há que fazer uma leitura expressiva, tentando dar vida às palavras do autor, transmitindo ao leitor as emoções ou estados de espírito das personagens intervenientes e o clima que o escritor quis dar ao texto (alegria, revolta, ternura, mistério, etc.).

f) Há que ter muito cuidado na inflexão final das frases. Uma frase declarativa não pode terminar do mesmo modo que outra interrogativa, por exemplo.

g) Há que entender o que se está a ler; de contrário, dificilmente se poderá entoar bem. Se existe possibilidade de ler previamente o texto em voz baixa, torna-se mais fácil.

h) A vista deve ir um pouquinho adiante do que se está a pronunciar, para regular a entoação que se deve dar a cada frase. Convém que, de vez em quando, sejamos capazes de tirar os olhos do papel.

In "Caminhos - 10.º ANO - Português A", Porto Editora, pp. 11 e 12