segunda-feira, 3 de maio de 2010

Autor do mês - Mário de Sá-Carneiro (3º ciclo e ensino secundário)


Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio de 1890. Os primeiros anos de sua vida foram marcados pela dor causada pela morte da mãe, em 1892, quando ele tinha apenas dois anos. Em 1911, terminados os estudos secundários, matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e, no ano seguinte, transfere-se para a Universidade de Paris com a intenção de dar continuidade ao curso de Direito, que afinal não conseguiu concluir. Ainda em 1912, com apenas 22 anos, publica a peça teatral Amizade e o volume de novelas Princípio. Nessa época, começa a corresponder-se com Fernando Pessoa, de quem veio a tornar-se amigo. Nessa correspondência já se reflecte o agravamento dos seus problemas emocionais e as ideias de morte e suicídio. Em 1914, além de publicar as obras Dispersão e A confissão de Lúcio, Mário de Sá-Carneiro intensifica sua correspondência com Fernando Pessoa, a quem envia os seus poemas e projectos futuros de escrita, revelando crescentes sinais de pessimismo e de desespero. Em 1915, como elemento integrante do movimento modernista em Portugal, participa do lançamento da revista Orpheu, em grande parte financiada pelo seu pai. No segundo volume dessa revista publica o poema futurista "Manucure", que, ao lado do poema "Ode triunfal" de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa), provoca impacto e polémica nos meios literários portugueses. Ainda em 1915 regressa à Paris, onde passa por constantes crises de depressão, que se agravam por causa das suas dificuldades financeiras. Em 1916, numa carta a Fernando Pessoa, anuncia a sua intenção de suicídio, o que efectivamente veio a ocorrer no dia 26 de Abril, num quarto do Hotel Nice, em Paris. A obra de Mário Sá- Carneiro está intimamente relacionada as suas vivências pessoais, ou seja, revela toda a sua inadaptação ao mundo e a constante busca da sua própria individualidade. Isso faz com que o poeta mergulhe no seu mundo interior e, ao contrário de Fernando Pessoa, que se desdobrou em heterónimos, acabe por atingir a autodestruição. Para o bom entendimento da obra de Mário de Sá Carneiro é muito importante a leitura das Cartas a Fernando Pessoa, publicadas já postumamente.