segunda-feira, 14 de junho de 2010

Autor do mês - Junho de 2010


Jaime Cortesão nasceu em Ançã (Cantanhede) em 1884, estudou Medicina
em Coimbra, mas foi novo para o Porto, onde se entusiasmou de tal modo
com o ideal republicano e democrático que chegou a ser preso.
Revelou-se como poeta na revista Renascença Portuguesa (1912), de que foi
co-fundador, e lançou, ainda jovem, vários livros de poesia. Entusiasmado
com a criatividade popular, organizou o Cancioneiro Popular e Cantigas do
Povo para as escolas, obras integradas no programa pedagógico e cultural
da República. Para aproximar a instrução e a cultura das camadas
populares, participou, a partir de 1912, nas Universidades Livres e Populares, que organizaram
cursos especiais nocturnos dirigidos a quem quisesse saber mais. As lições de História e
Literatura eram dadas gratuitamente por Jaime Cortesão, que entretanto abandonara a
Medicina para se dedicar exclusivamente ao ensino no Liceu.
Esse desejo de difundir cultura animou-o nos anos em que foi Director da Biblioteca Nacional e
em que conduziu a revista Seara Nova (1921), que se tornou num instrumento de renovação das
ideias políticas e culturais. Também em 1921 começou a publicar as Cartas à Mocidade, textos
que procuravam ser um estímulo ao desenvolvimento dos valores cívicos e morais.
Foi, porém, como historiador que Jaime Cortesão se destacou, pois fez da investigação histórica
uma lição de civismo e conseguiu, através da História, dar verdadeira dimensão ao papel político
e económico de Portugal na época dos Descobrimentos.
Jaime Cortesão foi também um combatente pela liberdade. Era um homem de gabinete e de
arquivo, mas também de acção na rua e em campo aberto, lutando sempre pela democracia.
Devido às posições que tomou, foi preso em Coimbra quando estava ainda convalescente de uma
doença grave, apanhada na frente de batalha (Grande Guerra, 14-18). Fugiu para Espanha e
esteve exilado em França, regressando a Portugal em 1940, altura em que foi novamente preso,
desta vez em Peniche, e depois expulso para o Brasil, onde permaneceu até 1957. Regressado a
Portugal é novamente preso, em 1958, já com 74 anos de idade. Houve protestos e acabou por
ser libertado, tendo ocupado ainda dois anos no estudo da História de Portugal.
Faleceu em Agosto de 1960, vítima de doença prolongada.