Alexandre Herculano nasceu em Lisboa, em 28 de Março de 1810, há 200 anos, portanto. Na sua infância e adolescência foi profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos e, impedido, por razões económicas, de prosseguir estudos universitários, adquiriu uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas decisivas para a sua obra.
Com apenas 21 anos participou na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de
Infantaria de Lisboa contra o governo de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso da
revolta militar, a refugiar-se no estrangeiro, indo depois juntar-se ao exército Liberal de D.
Pedro IV, na Ilha Terceira. Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha,
participou em acções de elevado risco e mérito militar. Foi nomeado segundo bibliotecário da
Biblioteca do Porto e aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a revista Panorama. Em
1842 tornou-se seu redactor principal e publicou o Eurico o Presbítero, obra maior do romance
histórico em Portugal no século XIX.
A obra que o vai distinguir é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume é publicado em
1846. O prestígio adquirido com esta obra leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo
seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta
Historica (documentos dispersos pelos conventos do país), projecto que termina em 1854.
Herculano permaneceu fiel aos seus ideais políticos, mas negou-se a fazer parte do primeiro
Governo da Regeneração, recusou honrarias e condecorações e preferiu retirar-se
progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Em 1857, após o
seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se para a sua quinta de Vale de Lobos (Santarém)
para se dedicar à agricultura e a uma vida de recolhimento. Em Vale de Lobos, Herculano exerce
um autêntico magistério moral sobre o país. Herculano era um exemplo de fidelidade a ideais e
a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de
morrer!, exclamou ele, decepcionado pelo espectáculo da vida pública portuguesa. Contraiu
uma pneumonia dupla de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877.
Da obra de Alexandre Herculano destacam-se os seguintes títulos: A Voz do Profeta (1836-37);
A Harpa do Crente (1838); O Bobo (1843); O Pároco de Aldeia (1844); Eurico, o Presbítero
(1844); O Alcaide de Santarém (1845); História de Portugal (1846-1853); O Monge de Cister
(1848); Lendas e Narrativas (1851); História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em
Portugal (1854-55).
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