José Régio
José Régio é o pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira. Nasceu a 17 de
Setembro de 1901, em Vila do Conde, cidade onde viveu durante a sua infância e
adolescência e onde fez os seus estudos. Após uma estadia de dois anos no Porto,
para concluir os estudos secundários, foi para Coimbra frequentar a Faculdade de
Letras. Aí se licenciou em Filologia Românica, em 1925, defendendo uma tese em
que foi feita pela primeira vez a apologia dos poetas do Orpheu.
Cedo iniciou a sua actividade literária em jornais e revistas. É de salientar a sua
colaboração nas revistas portuenses Crisálida e A Nossa Revista e nas coimbrãs Bizâncio e
Tríptico. Foi em Coimbra que consolidou as suas qualidades literárias, não apenas pelo intenso
contacto com livros que vieram a influenciar a sua obra, mas também pelo convívio com
intelectuais que marcaram um período fecundo do século XX, tanto na criação como na crítica.
No mesmo ano em que concluiu a licenciatura publicou o seu primeiro volume de poesia,
Poemas de Deus e do Diabo, usando pela primeira vez o pseudónimo José Régio. Em Março de
1927 fundou, com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, a revista Presença, que durou
treze anos e foi considerada o órgão oficial do segundo modernismo.
Concluído o curso da Escola Normal, iniciou a carreira docente com uma breve experiência
como professor provisório no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, até ser nomeado, em 1930,
professor efectivo do Liceu de Portalegre, cargo que exerceu até se reformar, em 1962.
Desde então viveu alternando a sua residência entre Vila do Conde e Portalegre, até que, em
1966, após doença prolongada, se instalou definitivamente em Vila do Conde. Morreu a 22 de
Dezembro de 1969, vítima de doença cardíaca. Assinala-se este mês, portanto, o quadragésimo
aniversário da sua morte.
Trabalhador incansável, partilhou sempre as tarefas docentes com múltiplas actividades. Além
da criação literária, manteve colaboração em jornais e revistas como crítico e polemista. É de
realçar o seu envolvimento político, tendo-se mantido firme e frontal nos seus ideais socialistas,
apesar do regime repressivo de então. O isolamento a que por vezes se votava para a produção
literária não o impedia de frequentar as tertúlias nem de manter contactos com os meios
literários através de cartas. Foi coleccionador empenhado de peças antigas de arte popular com
que recheou as casas de Portalegre e de Vila do Conde, actualmente abertas ao público.
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